quinta-feira, 5 de julho de 2007

O aquário

Num recipiente de vidro esférico, a água tremulava lastimosa. Um peixinho dourado jazia inerte, flutuando sobre a sua superfície. Com o ventre virado para cima, suas guelras abriam-se inchadas e vermelhas e os olhos fixavam o nada. Suas escamas, porém, mantinham o mesmo brilho do dia anterior, e se não fosse a posição curiosa em que o animal se encontrava, seria possível acreditar que era um peixinho saudável.
A criança entra na sala já com o uniforme vermelho do Jardim de Infância. Fica na ponta dos pés para ver melhor o quadro sinistro que ela ainda não compreendeu. Vira a cabeça para um lado, vira a cabeça para o outro; cutuca o vidro fazendo a água se agitar e o peixinho se mexer de forma macabra, vacilando e parando na mesma posição. A cena é atroz. O aquário é funesto. A criança, com olhos lacriomosos e beiço trêmulo, diz numa voz fina de quem vai começar a chorar:
-Mexe peixinho! Mexe!
Mas o peixinho está morto.

3 comentários:

Anônimo disse...

Mexe peixinho...copiando as fórmulas do Caê.

o nome do peixinho era sec-butil?

Alan Carvalho disse...

Eu sei como ele se sente, comigo eram patinhos = (

Anônimo disse...

comentei nos outros posts tb
gosto tanto deste blog