terça-feira, 22 de julho de 2008

Quando as férias geram claustrofobia

Não é que eu dependa dos outros pra ser feliz. É que ficar trancafiada dentro de casa dia e noite, noite e dia é um saco. E sair sozinha, senão para ver um excelente filme num excelente cinema de rua, é frustrante.
Minhas opções então se limitam a:
ir para o refúgio
ou
ver Molière, o filme do Romain Duris.

Tá.
Isso, é claro, na hora que eu acordei; não agora, porque tá tarde demais pra ir pro refúgio & pra ver Molière (Paissandu às 21h sozinha é "oi, me assaltem" total). Molière passou pra quinta-feira, então. E eu passei do nível suportável de tédio (o downloadomaníaco) pro nível mais profundo do pântano do fastio.
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A ver:

MEDIDOR DE TÉDIO
(e suas respectivas conseqüências)

1- Culto = não só não é perigoso como é saudável, também. É aquele dia em que você acorda sem nada pra fazer e pensa com um sorriso: "vou peregrinar pelas locadoras da Tijuca" ou "vou garimpar livros/DVDs num sebo/nas Lojas Americanas". É divertido até um certo ponto: o momento em que você viu tantos filmes ou leu tantos livros que não consegue mais se concentrar.

2- Downloadomaníaco = Você começa a sofrer uma leve preguiça de sair de casa. Acorda e vai direto pro computador. Baixa CDs compulsivamente. Também não é exatamente doentio, não se você baixar até 10 CDs por dia. Quando passa disso (e pior, você escuta todos enquanto baixa mais, obstinadamente) a coisa complica. Já tive casos de fazer apostas comigo mesma, como "aposto que consigo baixar 1 em cada servidor em menos de 1 hora".
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3- Pantufóide = Tá, agora é preocupante. Você troca o pijama às 16h da tarde. Veste pantufas, camisas que ganhou da sua avó ("Agüenta que é penta!" e "Mc Dia Feliz 2003" também valem) e mantém olheiras de zumbi. Sua vida se limita a comer, dormir e tomar banho. Longos banhos. O nível de irritabilidade cresce e você não sabe exatamente porque. Óbvio que a clausura está te enlouquecendo aos poucos, mas você ainda não é capaz de perceber.
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4- Criar raízes = Você tem preguiça de suprir suas necessidades mais básicas: vai mijar quando a bexiga está quase explodindo; não troca mais de roupa: troca de pijama. Comer perde a graça. Você se entrega aos joguinhos em flash, ou a jogos de carta sozinho, ou a passatempos de jornal (sudoku e derivados). Eu costumo fazer doces complicados, desses que levam uma vida pra ficar prontos. Cookies, tortas gigantescas com glacê... e o pior é que você não come, porque não tem fome. Como poderia, se você passa o dia sem gastar um grama de energia?
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5- Pântano do fastio = Dá-se início ao cultivo de ódio pela raça humana. Você liga pra toda a agenda do seu celular, inclusive pra aquelas pessoas que você não devia em hipótese alguma chamar pra sair. Todos os seus princípios do tipo "não saio com Fulana pra tal lugar porque ela bebe demais e fica dura de aturar" se esvaem. É capaz de você pôr no jornal o anúncio "Fulana, vamos sair pra beber!" por puro desespero. Se você alcançou esse nível, se interna. Ou então me liga e vamos fazer alguma coisa!