No quintal, a moça de pele dourada pendura roupa na corda. Os pés molhados transformam em lama o chão de terra batida. O vento seca, suave, o suor de suas coxas. Arrepia-lhe a nuca. Prensa o vestido contra o corpo, revelando curvas voluptuosas.
O velho cancioneiro, reflexivo e só, dedilha uma valsinha em cinco cordas. Concorre com o ruído de um rádio que sussurra sertanejos. Tem os olhos fechados, não se sabe se é de cansaço ou de idade - os olhos se perdem nas rugas morenas de sua pele. Quando a melodia tem um ápice, ele faz uma careta emocionada.
A criança curiosa vem ver na janela de onde vem a canção. Desafina versos com sua vozinha tímida:
"Ai, és tão linda
Rosa silvestre
Dá-me o beijinho
Que prometeste"
Um passarinho pia também.
De súbito ruge um trovão e cala a cantoria. A chuva cai e tudo cessa.
Que pena!
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Um comentário:
Lindo o texto, bem sensível!
Gostei muito do seu blog, por isso estou seguindo!
Abraços!
http://vivereler.blogspot.com/
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