domingo, 19 de abril de 2009

Quero só o que não existe

Não quero essa atenção ensaiada, estampada nos olhos dos outros.
Não quero a conversa vazia dos salões de vida pseudo-adulta
Não quero sustentar a mentira alheia
Nem a saudação torta, cronometrada, programada.
(às 14h eu tenho tempo - não quero mais ter tempo)

Não quero a carência arredia dessas almas nômades.
Não quero mais quem não sabe nada, nada mesmo,
Nem quem não sabe sentir nada, nada mesmo
além do próprio umbigo

Não quero mais!

Não quero mais ouvir a falta que faz o que não faz falta.
Não quero mais procurar razão no irracional.
Nem saber das histórias de quem quer o que eu não quero.
(E o que eu não quero?)

Não quero mais nada.
Não quero mais ninguém.
Não quero mais lugar nenhum.

Quero mais.


Perdi a capacidade de escrever.

domingo, 12 de abril de 2009

Tão somente.

Thaís fechou a porta e abriu o livro na página 119. O livro não, a xerox dele. Rabiscos de "eu odeio" e "eu quero" contaminavam o rodapé.
Thaís tentou controlar sua mania de prever os atos alheios. Os eufemismos abreviados do criancinha. O impulso etílico dos amiguinhos e coleguinhas - todos devidamente diminutivados e diminuídos.

Thaís narra a própria vida mentalmente quando lê romances em demasia. A vida mesma devia ser um romance. As pessoas mesmas - e todas, sem exceção - deviam viver romances. De literatura e de cinema. Final feliz não devia ser clichê.
Abriu o Word e começou a monografia. Digitou com fervor idem's, apuds e ipsis litteris.

"Eu sou uma citação?"